segunda-feira, outubro 26, 2009

Das cabras e outros cavicórneos

Antes de mais, tenho a dizer que escrever uma carta aberta é um acto de puro desconhecimento e, até quem sabe, certa ignorância. Ora, é do conhecimento comum que as cartas devem chegar fechadas, conforme o grau de importância, lacradas, e devem apenas ser abertas pelo respectivo remetente. Neste sentido, e deixando de lado a inocência que sei não ser vossa qualidade, interpreto uma carta aberta de dois possíveis prismas - ou é algo completamente supérfluo e insignificante a que qualquer um tem gratuito e fortuito acesso ou é algo tão vil e lascivo que não deve ser do conhecimento de ninguém.

Passando ao que importa e interessa, nada de relevante tenho a dizer das vossas desculpas esfarrapadas, perdão argumentos, para justificar um acto de tamanha crueldade. Se de facto a colher estava danificada e não passou de artimanha nossa proporcionar que fossem vossas excelências a sugar-lhe o suspiro final, lamentamos que tenham sido abestalhados o suficiente para se deixarem levar por tão banal tramóia. Temos pena.

Por último mas não menos importante, afirmo aqui que toda e qualquer cabra disposta a renegar a sua origem e render-se aos encantos dos ruminantes superiores será muito bem vinda no nosso meio. E atrás de nós também. À frente é que nunca.

Ressabiadamene, tenho dito.

2 comentários:

Fodunt disse...

Foi com alegria e emoção que a Vinicultuna de Biomédicas - Tinto tomou conhecimento da resposta emitida pela organização bovino-fraterna Biobácas de Biomédicas - Malte.
Porém, e dado que também seguimos a escola de pensamento do geopolítico português Nuno Rogeiro (para além das escolas de Eurico Cebolo e Natália de Andrade), entendemos por oportuno fazer um balancete desta guerra no geral, e da vossa resposta em particular.
1- Agradecemos a facunda explicação que nos deram acerca do tema "carta aberta". Sem dúvida que damos por bem passado o tempo que demorámos a ler tamanhas barbaridades. Lemos e relemos o primeiro parágrafo com grande alegria e satisfação. Todo e qualquer comentário desta índole (desprovido de qualquer objectivo concreto) é bem-vindo. Mais informamos (e apenas por curiosidade) que deixamos à liberdade do leitor a interpretação do título do nosso último comentário.
2- É sem dúvida pueril a análise de que "caímos numa banal tramóia". Assim, gostaríamos de relembrar que numa tramóia, o "tramado" (por definição) sai sempre prejudicado. Pois bem, ainda nos lembramos (comentamos com saudade, e até nos gabamos em reuniões de condomínio) da alegria e sensação de dever cumprido que experimentámos durante e depois de vos partimos a “colhoca”.
3- O terceiro e último ponto (último, porque infelizmente a vossa resposta é pobre em conteúdo que possa ser analisado) resta-nos alertar para o facto de que a palavra guerra, bem como todos os restantes gritos de auto-motivação e referencias bélicas (tais como "cows with guns" e passe vitte) foram retirados do vosso discurso, quando anteriormente inundavam o mesmo. Tal facto apenas poderá ser interpretado como um baixar de armas ou até mesmo medo.
Para finalizar, e porque a vetusta e bem portuguesa expressão “Até vos comemos!!!” seria deselegante e até ofensiva da nossa parte (mesmo em tempo de guerra consideramo-vos donzelas agradáveis e respeitáveis), resta-nos o eufemismo de vos informar que a partir de agora passaremos a designar-vos por “Biopicanhas de Biomédicas – Arroz com feijão”.

Fervorosamente…

Vinicultuna de Biomédicas – Tinto
beberum humanum est

P.S. Respeitamos e aceitamos com carinho o facto de que as nossas rivais Biopicanhas de Biomédicas – Arroz com feijão considerem que é o destinatário quem escreve cartas e o remetente quem as recebe. E tudo faremos para que o Mundo respeite esta corrente de pensamentos.
Errarum humanum est. Perdoarum divinum est.

Sirius disse...

Começamos desde já por felicitar a gentil cooperação da Vinicultuna de Biomédicas - Tinto nesta carinhosa troca de palavras, que, a nosso ver, tem todo o potencial para evoluir para um salutar conflito ideológico que culminará de forma que nos é impossível prever (mas, decerto, valerá a pena - sim, porque já era tempo desta bela inimizade ser cultivada, ou pelo menos levada um pouco mais a sério; caso contrário ainda nos íamos chatear). Assim, e não podendo, da nossa parte, deixar de emitir um parecer sobre as deliciosas besteiras com que nos têm brindado, seguem pequenos reparos que nos apraz fazer:

1- Diverte-nos que afirmem com tanto empenho (e, a nosso ver, entusiasmo excessivo) o quanto vos entreteve o parágrafo de abertura da nossa mais recente declaração. Para quem enaltece de tal maneira a falta de objectivo concreto do mesmo, conseguiram (sem dúvida, com bastante engenho e arte) brindar este antro curralesco com o maior e mais inútil conjunto de palavras que alguma vez tivemos o prazer de ler (ou escrever). Ora vejamos: além de terem demonstrado uma total incompreensão da "tramóia" a que nos referimos, e de terem, de forma pouco inteligente, tomado a aparente pacificação do nosso discurso como uma demonstração de fraqueza, sentiram necessidade de terminar a vossa intervenção com uma alusão a um erro inocentemente cometido, atribuindo-lhe a importância própria de quem pouco ou nada tem a dizer.

2- Permitam-nos, então, mostrar a nossa discordância no conceito de "tramóia" no geral e, particularmente, na vossa definição de "tramado" - não negamos que a referida situação trouxe consequências prejudiciais, maioritariamente, para o nosso lado. No entanto, tramado é, por definição, aquele que "cai" na trama. Ou seja, aquele que reage exactamente como planeado pelas pessoas que engendram a "tramóia". Portanto, assumindo que o ponto de fragilidade foi criado com o específico objectivo da "cisão" da nossa Colher de Folha de Palma pela vossa parte, a nossa missão foi, orgulhosamente, cumprida.

3- Alegremente entoámos gritos de guerra, vezes sem conta. Empunhámos com brio todos os nossos objectos bélicos. Até consideramos partir, com entusiasmo, ao vosso encontro, para efectivar o confronto. E vocês respondem-nos com a ameaça de um pote de banha. Ora, face à nossa clara superioridade neste campo, tomamos a decisão de retirar as nossas intenções de combate armado - a humilhação gratuita e fácil não constitui, para nós, desafio suficiente. No entanto, a vossa falta de humildade leva-nos a reconsiderar, de futuro, esta posição - tragam o pote. Faremos puré de banha.

4- Como, mesmo em tempos de animosidade, sempre prezamos por elogiar o que consideramos bem feito, deixamos uma ovação em pé ao novo nome que, carinhosamente, escolheram para nós. Ao contrário das escolhas infelizes que usam para se referir à nossa Colher de Folha de Palma, consideramos "Biopicanhas de Biomédicas - Arroz com feijão" como um cognome e brilhante genialidade. Se aplicassem todo esse esforço em prol do arranjo da nossa bela Colher de Folha de Palma, decerto que todo este busílis estaria presentemente resolvido.

Ressabiadamente,

Biobácas de Biomédicas - Malte

P.S. - Embora nos tenha comovido o facto de terem intercalado a vossa carta aberta com um refrão, para facilitar a sua entoação, devemos reforçar que musicámos no passado, efectivamente, todo o tipo de coisas - mas nunca musicaremos uma cabra.