Há falta de algo para fazer uma pessoa entretem-se com o que pode. Deixo aqui um resquício das últimas horas altamente improdutivas...
* "Toda a verdade é simples." Não é isto uma dupla mentira?
* Mediante a sua natureza selvagem, o homem liberta-se melhor da sua não-natureza, da espiritualidade...
* Como? É o homem apenas um erro de Deus? Ou é Deus unicamente um erro do homem?
* Que ninguém atriçoe covardemente as suas acções! Que ninguém as abandone atrás de si! - O remorso é obsceno.
* Quem não sabe pôr a sua vontade nas coisas põe ao menos nelas um sentido: isto é, crê que nelas existe já uma vontade (princípio da "fé").
* Raramente se comete uma só irreflexão. Na primeira imprudência, vai-se sempre demasiado longe. Precisamente por isso é habitual cometer uma segunda - e, agora, ousa-se demasiado pouco...
* O verme pisado contorce-se. É assim que é sábio. Diminui deste modo a probabilidade de novamente ser pisado. Na linguagem da moral: humildade.
* Há um ódio da mentira e da simulação proveniente de um sensível conceito de honra; há também um ódio que nasce da covardia, já que a mentira é proibida por um mandamento divino. Demasiado covardes para mentir...
* Corres à frente? - Como pastor ou como excepção? Ou (terceira possibilidade) como fugitivo?
* És sincero ou só comediante? Representas algo ou és a própria coisa representada? - Por fim, talvez sejas apenas a imitação de um comediante...
* És alguém que olha? Ou estende a mão? - Ou desvia o olhar e se afasta?...
* Queres ir com os outros? Ou mais adiante? Ou caminhar só?... Importa saber o que se quer e que se quer.
Friedrich Nietzsche - O Crepúsculo dos Ídolos
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