quinta-feira, agosto 31, 2006

Sobre os príncipes e os sapos

Os príncipes não existem. O Pai Natal também não. Nem tão pouco o coelinho da Páscoa. Faria sentido uma infância sem estes seres imaginários? Possivelmente sim. No entanto, uma infância sem ilusões, sem as decepções que estas acarretam, sem a desconfiança de tudo o que o posteriormente nos dizem, faz-nos adolescentes ingénuos, inocentes, despreparados para as verdadeiras desilusões. No fundo, é uma questão de tempo para nos apercerbermos que a maioria das pessoas são falsas, interesseiras e egoístas, procurando apenas o que temos para lhes oferecer. Descobrir isto na infância é duro, na adolescência é brutal. Perdoem-me o tom sério e pessoal que deixo passar neste post, mas de facto nunca cheguei a acreditar no Pai Natal nem em príncipes encantados. As consequências são notórias.
Retomando o tom habitual...
É evidente que esse tipo de estórias foi criado por homens. De que outra maneira, para além de remeterem para esses resquícios de memória e imaginação que nos foram incutidos enquanto crianças, poderiam eles convencer-nos a aturá-los, encontrar-lhes qualidades, acreditar que poderão ser mais úteis que um sapo? Excluíndo essa utópica ideia do "felizes para sempre", que argumentos encontrariam eles para nos levar ao altar, tornando-nos mãezinhas deles, criadas a tempo inteiro, bodes espiatórios e meios de propagação dos próprios genes?
Gosto de sapos. Não lhes encontro a presunção, a arrogância, a prepotência, o complexo "centro do mundo" característico do sexo masculino. Nunca vi uma sapa a chorar. Nunca lhes ouvi um lamento. Pergunto-me até que ponto seria mau se os príncipes se transformassem em sapos.

3 comentários:

Sirius disse...

Infância sem ilusões é impossível. Faz parte de nós acreditar que tudo pode ser perfeito para nós, até termos capacidade de perceber que, embora não se possa ser feliz para sempre, vale sempre a pena tentar sê-lo a maior parte do tempo. O que faz falta é ganhar a noção de que, se um príncipe é um sapo que afinal não nos tira da torre, nós podemos muito bem descer as escadinhas, matar o dragão negro e ir por aí fora procurar noutras paragens. Ser feliz ou infeliz depende mais da princesa do que propriamente do resto.
É só uma opinião =p
Bem-vinda ao blog vovó*

Carla disse...

Também acredito na Fada dos Dentes. Aliás, ninguém como eu terá sido tão influênciada por esta estranha criatura. Mas isso são outras histórias...
Quanto ao que aqui postei, não me levem a mal... Acredito na felicidade, no sonho, no valor das pessoas e na nossa capacidade para mudar o mundo. Apenas tomo doses excessivas de realidade, e torna-se difícil crer num mundo florido e verdejante, quando tudo à nossa volta é cinzento e frio.
Nada que uma vodka não resolva...

lila disse...

para mim isto é um ciclo vicioso...não é tão simples como acreditar que os príncipes existem até que algo ou alguém prove o contrário. o problrma é que mesmo depois de estar provado que eles são meramente fruto da imaginação voltamos a acreditar que "se calhar não é bem assim". aparece sempre outro...sempre melhor, sempre "mais perto da perfeição".e é bom!é sempre bom voltar a acreditar que nem tudo é tão mau assim, que há alguma maneira de dar a volta por cima, seja qual for a situação. depois fica tudo escuro de novo. tudo volta a ser mau, o mundo volta a ser um sítio inóspito...até que surge outro príncipe. ainda melhor que o anterior, ainda mais perto da perfeição...e tudo volta a acontecer .

não gosto de ciclos...mas gosto de "príncipes"